terça-feira, 26 de agosto de 2008

Stavros S Niarchos

Em 2006 o veleiro "Stavros S niarchos " de bandeira "British", fez uma viagem de Barbados até Ponta Delgada. Pelo caminho, houve tempo para uma produção video em redor de um tema dos "QUEEN - Don't stop me now".
O video é hilariante e demonstra a excelente disposição a bordo. No final do video, aparecem os "cut-off", que valem a pena ver até ao fim. Encontrei este video num Blog náutico americano http://captrichardrodriguez.blogspot.com, que também não é perca de tempo dar uma olhada.


Clicando aqui pode aceder ao site da organização juvenil, que toma conta da embarcação e eventualmente inscrever-se numa viagem daquelas que caem na alma apenas uma vez na vida. Dá-me a ideia, que esta "organização" deverá funcionar tipo CREOULA, mas com menos "quero, posso e mando" por parte governo, isto é - autonomia (no sentido não-açoriano do termo).

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Fuzos ... sempre prontos

Os nossos fuzileiros estão sempre prontos. Aliás o próprio lema deles é - "Sempre Prontos". É vê-los em todos os palcos de actuação, quer seja em missões de paz, quer em missões de pacificação. Face aos constrangmentos financeiros da Marinha Portuguesa (ver edição de hoje do JN - sobre os meios de salvamento em Portugal), não falta imaginação a estes duros e exemplares militares. E claro, sempre a honrar a nossa bandeira e as quinas. Na foto aparecem efusivamente agarrados às quinas (da SAGRES MINI) e a brindarem à sua Pátria após (certamente) uma dificíl missão de salvamento de uma alforreca coxa ao largo do Cabo Raso. Este amor exacerbado à Pátria não era visto desde o Mundial de Rugby 2007, quando os nossos lobos (também agarrados às quinas) cantavam o hino com aquele vigor e de lágrimas nos olhos.


Enquanto tuga, honra-me muito esta foto, na medida que traduz todos os constrangimentos financeiros que todos nós andamos a passar (Marinha Portuguesa incluída). Se fosse a bordo de um "USS qualquer coisa", era vê-los com Jack Daniels e Southern Confort "on the rocks" em Jacuzis aquecidos com 86 jactos laterais e 12 de fundo, temperatura controlada e com o HAWAI na paisagem de fundo. Ah!! E nos States of America os "Marines" são mistos, o que para além da coisa sermais agradável, sempre dá para puxar mais pela imaginação e inventar "jogos com novas regras". Agora começo a entender a "discussão pública" ora instalada, para a abertura dos Fuzileiros a elementos do sexo feminino, o que até concordo - apesar de ninguém ter solicitado a minha opinião. Na mesma, é patente a modestia expressada num fado cantado pela Amália - "uma casa portuguesa"; com uma reles banheira de lona "Made in Albarraque", água atlântica da fria e umas cervejitas pequenas que eventualmente até nem estarão muito frescas.
Que este "post" sirva para as autoridades deste país, dotarem esta corporação com maiores fatias do orçamento, no sentido de pelo menos seja instalada uma máquina de finos (ou imperiais para os fuzos-mouros) por embarcação, por forma a melhorar (ainda que ligeiramente) a imagem e o prestigio da nossa Marinha. Seria no mínimo desprestigiante durante os próximos exercícios da NATO, comparecermos nesta "figura" sem as máquinas de finos instaladas. E já agora que estamos a fazer investimentos nas forças que garantem a nossa soberania, porque não uma grelha (em Aveiro chama-se de RADAR DE POPA) onde no carvão, girariam franguinhos de 600 gramas com aquele toque de "piri-piri" tão Português. Aí valentes...

(foto publicada em Portugal no seu melhor)

terça-feira, 5 de agosto de 2008

A viagem de Palma (Parte VI)

Ressacaditos, pois então. Acordámos com a boa a saber a papéis de música e uma clave de sol atravessada no estômago. Um “desayuno” muito light quase ao meio-dia, e largámos da Marina Botafoch rumo a Norte. Sugeri então uma praia (Cala) onde estive 3 semanas consecutivas, já iam vão 22 anos, de seu nome – CALA LONGA. Recordo o dia em que vi a repetição do LIVE AID num bar de praia chamado OLIMPIC BAR. Nesse dia comemorava-se o 1º aniversário do concerto, e a TVE repetia o concerto noite dentro, mas a fome continuava a "imperar" na Etiópia. Poucos tugas conheceriam Ibiza nessa altura, pois não havia Low costs, as travessias de barco eram demoradas (6h a Denia), e a oferta hoteleira era pouca, logo cara. Praticamente "Alemanes & Bifes" tomavam conta de todos os tascos. Reinava o hit “People from Ibiza”, que era quase como um hino oficial, só que cantado (com letra)!!!! Nesta praia também bateu a onda do progresso e do betão. O Camping já não existe, o único hotel que existia já foi várias vezes remodelado (hà 8 anos voltei a esta praia e o hotel já tinha merecido obras), e entretanto apareceram mais hotéis, mais apartamentos e o OLIMPIC BAR já foi com os pitos, para que o areal balnear ficasse maior. O espírito continua, pois CALA LONGA ainda é do tipo Family Beach. Fundeámos nesta CALA próximo de uma dúzia de outros veleiros e lanchas, onde registámos o record de temperatura da água – mais de 28 ºC. É obra. Apetece logo beber uma SAGRES MINI e ligar o ar condicionado debaixo de água. O Cap. Salgueiro aproveitou a manhã para fazer actividades de “snorkeling”, que é como quem diz, meteu uns óculos de mergulho e enfiou um tubo na boca enquanto calçava uns sapatitos tipo Pato Donald. É a vantagem de não se ter estragado na noite anterior. Estava fresquinho que nem uma alface, e lá andou mais de 2 horas nas águas de CALA LONGA. No regresso trouxe os bolsos dos calções de banho (não, não fez nudismo) cheios de búzios de considerável dimensão. Destino final – tacho. Depois de almoço volante muito ligeiro, fomos tomar uma espécie de café a um bar de praia e mais 4 dúzias de mergulhos. Assim sim. Talvez fossem umas 4/5 horas da tarde quando largámos com destino a PALMA, nessa que seria a nossa última noite de navegação. Ainda com Santa Eulália del Rio por través, e com uma mareação rumo a PALMA com 15/17 nós de vento e o SOG a registar mais de 5 nós, surgiu em pano de fundo os tais búzios com muitas muitas cervejinhas em procissão. As festas em honra de São Geraldo e Santa Lúzia em Mourisca do Vouga não têm tantos andores. Foi um festival. Em gíria de cervejaria, chamamos de CARROCEL. 5 estrelas e desta vez saiam os tutanos. É sempre bom ter mergulhadores a bordo, e quando estes são cozinheiros, ainda melhor.A foto retrata o tacho depois da guerra! Agora faltavam os atuns, que percorridas mais de 500 milhas ainda não tinham aparecido. Equacionei consultar o Prof. BAMBO, mas o preço do ROAMING certamente que seria superior ao valor do pescado, pelo que optei eu próprio pelo remédio milagreiro. Nada mais certo, que benzer a amostra e fazer uma cruz na cana. Nossa Senhora haveria de ajudar. E lá fomos, somando milhas, com o vento a subir até 20 nós e o barco a disparar 7-7 e qualquer coisa nós. Bom para quem tem pressa, óptimo para quem tem tempo. Ao jantar apareceria “Frango de cebolada à moda do Alentejo de Cima”, cuidadosamente preparado pelo Chefe João e a noite cairia com café e o UIKE. Muito UIKE , numa noite estrelada, calma, numa velejada perfeita de um larguinho com barcos de grandes dimensões a aparecerem no radar e no horizonte mas também (felizmente) ao largo. Ouvia-se alguma música tuga a bordo e tive o privilégio de governar a embarcação toda a noite. O vento cairia depois da meia-noite, as velocidades baixavam para 4 - 3,5 – 3,0 nós e começávamos a avistar o enorme golfo (é mais que baía) de Palma de Maiorca. Depois da entrada entre faróis ainda são 10 milhas, significando que são 25 milhas desde que avistamos um dos faróis. A poluição visual é enorme, pelo que a dificuldade em avistar determinados farolins é enorme. Como íamos em direcção a uma marina que se situa próximo do Aeroporto de Palma, a situação ainda era mais complicada. Coisa que se resolve com a velocidade reduzida. Nestas horas o vento não permitia mais que um SOG de 1,5 nós e a pressa não era muita. Tinha encontro marcado apenas à uma da tarde com um fulano chamado “Boeing da AIRBERLIN”, por isso ainda havia muito relógio para correr. Fundeámos na Praia de Can’Pastilla cerca das 4 da manhã, com o luar instalado nas nossas cabeças. A viagem tinha sido do melhor, pois em 70 milhas foi consumido mais whisky que gasóleo. Pela manhã, amarrámos na Marina, cumprimentámos os LADYBIRD’s que restavam (e respectivas famílias) e fugi para o aeroporto. Na pouca bagagem e na lembrança levo em consciência o sentido de “dever comprido e cumprido”. Poucas avarias, pouco stress, muita vela, boa disposição e grande camaradagem. Num mundo virado às avessas, que mais se poderia pedir ?
- Um atum, diriam alguns.

P.S. – Obrigadão Cap. Salgueiro pelo convite.
FIM

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

A viagem de Palma (Parte V)

Acordar em Ibiza dá direito a um mergulho. A maneira mais fácil de retirar a remela dos olhos, é mergulhar da popa, e pronto. O acordar em Ibiza é assim. Pequeno-almoço tardio, música ambiente a bordo e relaxe, muito relaxe. Calor e muito calor. Fizemos pequenas bricolages, enchemos o bote (em Lisboa chama-se côcô!!), lavámos o convés e depois de almoço fomos a terra de bote e de canoa tomar uma espécie de café. Não há maneira destes espanhóis conheceram o Comendador Nabeiro. É nestas ocasiões que me lembro si, Sr. Comendador. Pela tarde manobramos para a baía de Espalmador (!), pois onde estávamos fundeados era uma área protegida das “POSIDONIAS”, alga que está protegida por estas bandas. Em algumas baías existem “poitas” de fundeio para que as embarcações não usem o ferro, por forma a não destruir a flora marinha. Espalmador é uma baía fantástica, com dezenas de veleiros fundeados, com água tranquila e bastante quente. Foi nesta baía que corei de vergonha, num episódio que passo a contar. A maralha que por aqui fundeia, pratica o nudismo fundamentalista pelo menos na hora do banho. Eu como habitante de uma das comunidades “mais à frentex do Planeta” (refiro-me a Mourisca do Vouga) também vou alinhando nestas ondas de modernidade e naturismo. Acontece que ao reparar no panorama à minha volta (sou bastante atento e curioso), era eventualmente o único cujo corpo não continha piercings, tatuagens e pior que isto, o meu corpo contém “tufos de relva”, em claro contraponto contra a calvície total e integral daquelas gentes. No sexo feminino, nem uma erva daninha naqueles corpinhos, nem sequer aquele risquinho de bigode para dar o contraste. Nada. Nem uma. Senti uma vergonha imensa, e cheguei a equacionar levantar o meu PPR, para investir numa depilação a laser e a sério. Faltam apenas 25 anos. Nessa baía, tempo ainda para dar uma volta ao areal e dedicar-nos à apanha de marisco (tipo búzios), que tratei de preparar à nossa moda. Optei pela técnica do estrugido com tomate, mas ficou uma merda. Os bichos entraram vivos para o tacho, encolheram com o calorzinho do gás e ninguém conseguia tirar os “tutanos” dentro das carapaças. Conclusão: Ingestão de proteína, igual a zero. Não me lembro da janta, mas lembro-me de termos continuado na senda dos digestivos e da minis (já não eram SAGRES !!!) e de manhã rumamos a Ibiza (cidade) num passeio a motor de cerca de 1 hora. Aportámos na marina de Botafoch, onde por 1 noite paga-se tanto por uma singela noite como em Aveiro por um semestre. Não fui eu que paguei, mas até a mim me doeu. Carrega o barco de mercearia, de água e de electrões para as baterias e marchamos até à praia de Talamanca, paredes meias com a Marina. A esta hora já o LADYBIRD estava a caminho da ilha de Maiorca, onde haveria troca definitiva de tripulação. Dois marinheiros “out”, para embarcar a família do Rui e do André. Se as coisa correram bem , dentro de 3 dias voltaremos a ver o LADYBIRD. Em Talamanca malhámos mais umas cañas, mais umas braçadas no mar e “ala que se faz tarde”. Era sábado, estávamos em Ibiza e queríamos sentir um pouco de urbanidade na pele. Fomos para a “urbe”, onde escolhemos um restaurante manhoso, para fazer o roteiro normal. Tapas e mais tapas, um pratinho de carne e cañas com rioja. De alguns locais que já tive oportunidade de visitar, Ibiza é dos locais no mundo com mais gajas boas por m2, eventualmente apenas ultrapassado por LAS VEGAS nos locais de jogo. Deveras impressionante com tanta perfeição em redor dos nossos olhos, e nós (tristes) com 4 homens a bordo. A vida nem sempre pode ser aquilo que desejamos, e comemos com os olhos. Durante a janta, recebemos a visita de cortesia de dois Mourisquense de gema, o Paulo Inglês e a Joana que andavam de veraneio e namoro naquelas paragens. Depois foi vaguear pela cidade, a contemplar as vistas e a observar toda aquela panelareiragem de marketing que ocupa os principais bares de Ibiza. A hora ia avançando e fomos a uma discoteca de Ibiza - Privilege, que é igual a tantas outras, com a vantagem de ter uma esplanada exterior, onde se apanha menos pancada. TUM TUM TUM TUM. Com a cabeça inteiramente zomza, eram umas 4 horas da manhã quando regressámos ao barco, a pensar na quantidade e nas qualidades inatas (e de ginásio) destas moçoilas de Ibiza. É muito cabedal e tão pouca celulite. Esta coisa de andar no mar longe do sexo oposto, ao fim de 5 dias julgo que haverá alguma glândula que atrofia a massa encefálica. Aiiii!!! A pensar em tanta gaja boa, adormeci com o TUM TUM TUM TUM em vez do FFFFFFFFFFFF já habitual do VHF.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

A viagem de Palma (Parte IV)

Com o Cabo de Gata para trás e a noite para cair, havia de dobrar o Cabo de Palos depois de passada a enorme baia de Cartagena. A noite estava como todas as outras, ou seja de feição. O vento predominante de Oeste ia ajudando, embora por vezes fizesse uma “reviengas” pelo facto de estarmos perto da costa e próximo do Cabo. No convés, conversava-se deste mundo do outro e daquele que há-de vir, acompanhando o esforço do lábios com aguardente velhíssima ou “uike” (assim se pronuncia em español). A marcha sempre acima dos 5,5 nós sempre muito próximo do ângulo ideal. Amanhecia com 1/3 do cabo de Palos já ultrapassado, e de repente começamos a avistar um dos maiores prodígios da natureza ibérica, que dá pelo nome de MANGA DEL MAR MENOR. Avistámos, mas não penetrámos na manga. Os apetrechos de pesca continuavam activados na posição ON. Será que a próxima refeição será o tão desejado atum. Continuámos rumo as Baleares, pois a vontade de chegar era enorme, e havia que aproveitar as situações. As primeiras 20 milhas depois de ter o Cabo de Palos pela popa da embarcação, deverão ser um canal de navegação, e os navios eram às dúzias. Porta-contentores equilibristas, petroleiros malabaristas, pesqueiros de todos os tamanhos e feitios e claro, água muito, muito quente. Chegou-se a registar temperaturas de água ligeiramente acima dos 27º. Com o calor da água nos mergulhos, até a pobre “veia safena” inchava, facto que havia de compensar com a ingestão de bebidas frescas, pois segundo os anais de medicina, o corpo tem de andar em permanente equilíbrio. Nesta questão dos porta-contentores vamo-nos habituando a eles, e um mergulho junto a estas bestas passa a ser normal (ver foto). O almoço fez-se chegar com uma feijoada à moda de Pias, preparada pelo chefe João com todo o requinte e todos os condimentos. Já a tarde ia alta, embarcámos o Luciano (Pavarotti – esse mesmo) que nos acompanhou numa tardada de GIN TÉCNICO de grande nível. No vídeo é bem audível a voz do falecido tenor bem como o vento que faz galopar o BACCUS LIBER. Os figurantes deste video, devem ser sopranos, pois sopraram até fartar nesta tarde...


(click para ver)

Grande categoria e motivo de soberba inveja para muito capitão da nossa praça. A noite havia de cair com uma deliciosa refeição de “coxinhas de galinha” (não foi de coxinhas com pan pan pan), regada com vinho luso e um pudim flan de sobremesa, por forma aos digestivos caírem no estômago sobre um tapete de glicose. Estas coisas são todas muito bem pensadas. Avançava o escuro até ao aparecimento do luar, com a “milhagem” a aumentar, sinal que Formentera estava perto. Pelo VHF ouvimos um navio de guerra dos states a questionar os navios de grande porte, apoiado por outro vaso de guerra inglês, que fazia perguntas sobre carga, nacionalidade das tripulações, e ao que parecia não brincavam em serviço. Arribámos a Formentera pelas 4 horas locais, 1 hora depois do LADYBIRD, numa manobra difícil e vagarosa, pois a poluição visual é grande e as sondas muito reduzidas. Já na jurisdição do banheiro local, tempo ainda para andar a saltar de canal em canal (VHF), para assistir às conversas entre o Centro de Socorro Aéreo e um barco com ingleses, que pelo pouco que se entendeu, tratou-se duma evacuação por Helicóptero de alguém que teria tido um treco cardíaco. A prontidão dos espanhóis foi notável, o resto não sabemos, mas obviamente desejamos uma óptima recuperação ao tripulante do iate inglês. Com restrições de calado, fundeamos e dormimos como passarinhos.
(continua no próximo número)